28.6.07

um primeiro passo




ainda na onda das novas experiências, me aventurei num projetinho rápido de vídeo...um videoclipe para meus primos... produzido, filmado, editado num unico dia..
com uma aulinha na hora do almoço, e uma idéia noenta na cabeça, eu e o sócio-parceiro fizemos... uma delícia é criar... mesmo q seja algo simples, sem porquê, sem praquê, vale realizar...

ai nasceu a CartaBranca... só fazemos o que tivermos carta branca pra pirar...

http://www.youtube.com/watch?v=A7lKgICV3v0

No território do cotidiano

poeminha que coloquei em homenagem a leveza de um fim-de-semana argentino...

CASAMENTO de Adélia Prado

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como 'este foi difícil'
'prateou no ar dando rabanadas'
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

De Terra de Santa Cruz (1981)

valeu fazer.... uma nova adolescência todo dia

acho muito bom poder perceber que ao virar mais uma década de existência, a gente volta continuamente pra adolescência. A fase mais legal de se reviver e mais desesperadora de vivenciar pela primeira vez.

quando eu, com 11 anos e franjinhas loiras, pensava como seria chegar aos 30, me imaginava muito soberana de bolsa de couro grande a tiracolo, de salto alto e óculos escuros, dirigindo e morando sozinha. Me via nessa situação como um sonho muito alto de se atingir. Aspiracional desejo de consumo. Carro vermelho. Toda menina que cresce olhando as pernas longas e peitos grandes da barbie se via assim. Aí não tem novidade.

A diferença está no caminho inverso. Estando lá, com tudo q se sonhava, passando por vários tipos de trabalhos, experimentado vários tipos de relacionamentos, entendido melhor as dinamicas dos adultos da familia, o interessante é ver espontaneamente uma busca por assuntos e vivencias adolescentes de volta. Bandas de rock, baixos e amplificadores, posters de grafite na parede, desenhos, silk screen em camiseta, tricô, costura de vestidos e aula de patinação.. td que eu fugia para sonhar em viver a tal vida adulta de volta como sonho de consumo das poucas horas livres da rotina.

Sim, e meu carro não é mais vermelho.

26.6.07

Supermercado do amor

Tem amor de mercado
que se compra no supermercado do amor
empacotado e com um preço sedutor
num entra-e-sai, num ziguezague vai e vém
comprando o amor de alguém

mas amor verdadeiro
vem depressa como quem te abraça
surfando nas ondas do amor
E não se paga com dinheiro, não, senhor.

E sim com beijos molhados de espuma
dando a ela de presente uma flor
e todo o seu amor
e todo o seu amor

Para alguns o amor é triste
para o outros o amor nem sequer existe
para outros, ainda, o dinheiro compra até amor verdadeiro.
mas eu prefiro acreditar nas palavras que dizem
que mesmo quando não houver mais nada nem fé, nem esperança
o amor continuará resplandecendo no universo.

Orquestra Imperial

derivados de Vivanne Westwood



























A melhor exposição que vi na vida, relacionada a moda, foi sem dúvida a de vivianne westwood no Victoria & Albert Museum, em Londres em 2005. Incrível como aquela senhora, de cabelos laranja cor de fanta que tanto tentei imitar, soube inovar a estética mundial, criar um guideline para que todos nós pudéssemos brincar de colar, escrever, aplicar sem rigor renascentista de perfeccionismo em qualquer meio de arte. Na hora de alfinetar um patch numa camisa xadrez, e assim, criar o figurino da então recém estourada banda de amigos, Sex Pistols, ela gerou tudo isso sem saber.

hoje já virou até enlatados.. vinhetas da MTV, trabalhos de faculdades de design, standes de roupas de novos estilistas que insistem em inovar repetindo a sua fórmula até as persistentes bandas de emo das majors se inovam através da ousadia não tão nova de vivianne westwood. Ave Westwood, de onde estiver, criando mais uma loucurinha deliciosa...

23.6.07

SONG OF MYSELF

walt whitman

I CELEBRATE myself;
And what I assume you shall assume;
For every atom belonging to me, as good belongs to you.

I loafe and invite my Soul;
I lean and loafe at my ease, observing a spear of summer grass.

Houses and rooms are full of perfumes—the shelves are crowded with perfumes;
I breathe the fragrance myself, and know it and like it;
The distillation would intoxicate me also, but I shall not let it.

The atmosphere is not a perfume—it has no taste of the distillation—it is odorless;
It is for my mouth forever—I am in love with it;
I will go to the bank by the wood, and become undisguised and naked;
I am mad for it to be in contact with me.

22.6.07

“minha falta de assunto é essencial”
Clarice Lispector

21.6.07

Igual Desigual

Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais.
Todos os partidos políticos são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda são iguais.
Todas as experiências de sexo são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais e todos, todos
os poemas em versos livres são enfadonhamente iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.
Não é igual a nada.
Todo ser humano é um estranho ímpar.

Carlos Drummond de Andrade