28.6.07

No território do cotidiano

poeminha que coloquei em homenagem a leveza de um fim-de-semana argentino...

CASAMENTO de Adélia Prado

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como 'este foi difícil'
'prateou no ar dando rabanadas'
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

De Terra de Santa Cruz (1981)

2 comentários:

Anônimo disse...

Que poema lindo!! Re, seu blog tá demais! Parabéns! bjão má

Anônimo disse...

como gostaria que minha esposa pensasse assim.... olha que eu nem pesco...
jb